vida amar-te

não, eu não odeio a vida. eu já joguei esse jogo por tempo o bastante para perceber que não vou ganhar, não, porque ele não foi feito com esse propósito. a vida é um jogo para ser jogado. um filme a ser visto. uma música a ser ouvida. a vida é feita para ser vivida. e eu me cansei de viver, me cansei de todos os aspectos que conheci da vida. tudo se tornou extremamente repetitivo. ações, reações, sentimentos, emoções, palavras, diálogos. não os meus; os que percebo, sim, à minha volta. o mundo não caminha mais no mesmo ritmo que eu. eu me tornei completo, único, a ponto de não sentir mais interesse em nada do que a vida venha a me dar. estive presente no momento em sua totalidade, e em mais de um momento eu senti que era um com o todo, onde eu já não mais existia como me conheço, e o pensamento havia finalmente se aquietado. eu vivi várias vidas em lapsos. esqueci-me do que vivi, voltei a viver novamente e tornei-me relapso. agora preciso descansar nas lacunas do silêncio, muito acontece enquanto eu desvio o olhar, e num relance me vejo novamente em outro lugar. é hora de cerrar as cortinas da janela da alma, pronto para dormir, mas para dessa vez não acordar.